CHICO DE ASSIS
A
esperança voga
e vive no fenecer
do
tempo.
Tremula
generosa
no olhar entrecruzado
em despedida
amor
tecendo o gesto
em direção à pílula fatal
mal digerida.
A
esperança é feto.
Psicografa a melodia
determinação da luz
fulgurante
que nos imobiliza
e nos conduz.
Campos e relvas
virgens relembram
um tempo que se foi
para sempre
e
parece não ter (s)ido
nunca.
Ah, o tempo de outrora
o
tempo de contar
e cantar
a
aventura inédita
a
festa nos olhos
infantis
abertura pueril da
porta-fresta
onde penetra a morte.
Ah, o tempo do presente
assobiando
o som
que
nos perpassa o tímpano
e
nos produz a dor
ancestral
do amor
perdido
reencontrado
em
chuva de dobrados
a
orientar as mãos
os
lábios velados
pelo
riso
do
renascimento.
Ah,
o tempo do futuro
orquestração
de címbalos
azuis
concertos musicais
de
flautas
reencontro da cruz
em corrente magnética
com a poesia
que se esvai
no verso moribundo.
É preciso sim resistir:
por sobre os campos
os
mares
as ruas
as calçadas
procurar a nota mágica
vinda de outras flautas
outros tempos
redescobrindo o
nada
vazio mortal do salto
para a liberdade
azul
ninho da esperança
verde.
Agora as línguas
felinas
percorrem
grutas
femininas
cavernas
ambíguas
do
ódio
laboratórios
musicais
da solidão
que se
eterniza.