CHICO DE ASSIS
Eu te senti crescer
sobre mim
como no ventre
a pele escorregar
sob meus dedos.
Não era minha
a boca me mordendo
nem meu o corpo em oferenda.
Eram do espaço e me envolviam
como a brisa sem se deter
ou o tempo sem passar.
Nossos olhos transmitiam
códigos inalcançáveis
pelo rumor reticente
de nossas frases.
A voracidade da noite
dominava meu corpo
enquanto o semi-círculo
da manhã deixava
em meia penumbra
ou lânguida preguiça
o alvorecer da carícia.
Mas foi na fronteira da tarde
que o exilado de longos anos
abandonou o mar de sua angústia
e ancorou no infinito do seu sonho.
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