Chico de Assis
Esse chão
onde Canudos ceifou
a semente messiânica
da liberdade plantada
em transe guerreiro
da angústia coletiva
dos homens do Conselheiro.
Chão de um povo
em guerra secular
pelos frutos da terra
em que se plantando
tudo dá.
Fascínio de uma luta
em que se imbricam
o ódio – que assassina
o amor – que ressuscita.
E lavra em sua sanha
um código de honra
vetor do sangue
envelhecido no peito.
A honra alicerça a casa
e põe firmeza no braço
família coesa em ódio
vingança traçada em pacto.
A honra alimenta a saga
do circo retesa a corda
ao devassar o azul
trapézio da descoberta.
A honra refaz o ciclo
da morte e resplandece
no amor – alvitre do sonho
no mar – limite da vida.
(poema-combinação das sensações experimentadas vendo dois
filmes: Abril Despedaçado e Gerra de Canudos)