CHICO DE ASSIS
Vem da infância essa
falta
de carinho e de consolo
sem guarida do amor
que alucina e é morte
antes da vida.
Assim como é deserto
o corpo
em que se delineia
o manto circunspeto
de um destino.
Vem de bem longe
quem sabe
de regiões tão
nebulosas
o grito mais aflito de
socorro
a ecoar sobre montanhas
pedregosas
crateras de afeto
que se instalam em
círculos
de raízes infecundas
ou sequer se instalam.
Vem dos campos
da solidão intramuros
fagulhas de incestos
e pensamentos interditos
amálgamas de uma fé
já renegada
mas sempre intermitente
nas frestas de um verso.
Se há revolta nos gumes
dessa pedra
são embriões da glória
fátuos clarões
que a presunção
entroniza
na falta do saber
que imortaliza.
Se
há sonhos se há mitos
a
insinuar esperanças
são
aluviões a permear
a
argila dos proscritos
perdidos
nas intempéries do tempo
lodaçal
de vaidades embutidas
nas
fímbrias do poder
que
tiraniza.
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